sergio-brotto

10/07/2025

Incerteza em alta

Os efeitos das novas tarifas dos EUA e da indefinição do IOF para os negócios internacionais.

As recentes mudanças na política comercial dos Estados Unidos, com a entrada em vigor de tarifas sobre importações estratégicas, e a instabilidade gerada pelo impasse em torno do aumento do IOF no Brasil, estão redesenhando as dinâmicas do mercado financeiro internacional. Para companhias nacionais com exposição ao mercado externo, esse novo cenário exige atenção redobrada, revisão de estratégias e respostas rápidas diante da crescente volatilidade.

No contexto brasileiro, os reflexos dessas medidas não se limitam às exportações. Eles se desdobram no câmbio, na bolsa, nas decisões de investimento e, principalmente, na previsibilidade necessária para que organizações possam planejar com segurança suas operações internacionais.

Volatilidade cambial exige reação rápida — Em momentos de incerteza geopolítica e econômica, o câmbio tende a ser um dos primeiros indicadores afetados. A oscilação do real frente ao dólar e outras moedas fortes ocorre mesmo sem alterações estruturais na economia doméstica, refletindo o aumento da percepção de risco global. Essa instabilidade impacta diretamente empresas que lidam com contratos em moeda estrangeira, exportações, importações e investimentos internacionais. A volatilidade não é mais apenas um dado técnico, ela influencia decisões operacionais e resultados financeiros de forma imediata.

O papel da gestão de risco e da previsibilidade — Mais do que reagir, é necessário antecipar. Empresas com operações internacionais devem investir em estratégias de proteção cambial e gestão de risco, avaliando cenários e se preparando para diferentes variações nos mercados. A previsibilidade de caixa e a proteção das margens tornam-se ativos estratégicos para manter a competitividade em tempos incertos.

Ajustes estruturais exigem flexibilidade — O cenário tributário brasileiro também trouxe novos desafios: o Decreto nº 12.499/2025, que aumentava o IOF sobre operações de câmbio, foi suspenso pelo Congresso, mas o governo já articula sua reversão. Ao mesmo tempo, a Medida Provisória 1.303/2025 prevê mudanças significativas na tributação de aplicações financeiras e juros sobre capital próprio a partir de 2026.

Esse ambiente instável exige das empresas agilidade para revisar contratos, ajustar processos internos e buscar alternativas estratégicas com rapidez. As que estiverem preparadas para se adaptar com informação, governança e planejamento, terão mais chances de atravessar esse momento com resiliência e competitividade.

Diante desse cenário em constante transformação, estar preparado nunca foi tão importante. O acompanhamento atento das políticas comerciais e monetárias das grandes economias, aliado à adoção de estratégias financeiras sólidas, deve fazer parte da rotina das empresas brasileiras com atuação global. Mais do que prever o futuro, trata-se de estar pronto para agir com inteligência, rapidez e visão de longo prazo.

Por: Sérgio Brotto, CEO da Dascam Corretora de Câmbio.