As ações da Nvidia subiram mais de 4% e fecharam em recorde pela primeira vez desde janeiro. A companhia agora está valendo US$ 3,77 trilhões, tornando-se a empresa mais valiosa do mundo e superando Microsoft e Apple. Apesar de estarmos acostumados com mercados que inflacionam demais os preços e as expectativas, esse boom está relacionado principalmente com o mercado de IA Generativa, como o ChatGPT, que continua aquecido. Além disso, a Nvidia continua sendo um player muito forte do mercado de games e uma das principais desbravadoras da automação de carros autônomos ou de robôs humanóides.
Mesmo que a companhia tenha sofrido bastante com as sanções e as tarifas do mercado da China, com Jensen Huang, CEO e fundador da Nvidia , tendo reconhecido que eles estão abrindo mão de um mercado de US$50 bilhões, e com as restrições dos Estados Unidos, que cortou as vendas do processador H20 AI da empresa – ação que poderia custar US$ 8 bilhões em vendas para a organização – ela ainda se mantém no topo, sem ser tão impactada em resultados futuros ou previsão de crescimento. O que o mercado está fazendo é antecipando movimentos, assumindo o lado positivo das inovações que a Nvidia vem trazendo.
Contudo, há algo pouco discutido quando falamos em IA: o superaquecimento, um desafio da computação quântica, que precisa ficar em zero absoluto. Quando vemos um computador que parece um lustre quântico, na verdade, aquilo é um equipamento para tentar resfriar o que é o computador em si, que é o chip quântico. E aqui estamos falando de uma fabricante de semicondutores, ou seja, de hardwares que podem alcançar altíssimas temperaturas à medida que ficam mais poderosos. Então, os chips, as GPUs de inteligência artificial, também têm esse problema. Aqui no Brasil, o Ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT), divulgou um plano de governo para atrair até R$2 trilhões em investimentos nos próximos 10 anos para projetos de infraestrutura sustentável. Isso é justamente para criar data centers no nosso país, porque a gente tem abundância, por exemplo, de água, que é utilizada para o resfriamento.
Na China, já existem instalações de servidores embaixo d’água, embaixo do mar, para resolver esse problema. Senão, há um gasto muito alto de energia, que é o segundo grande problema da inteligência artificial. Para se ter uma ideia, gerar uma imagem por inteligência artificial consome a mesma quantidade de energia do que carregar a bateria inteira de um celular. Então, estamos usando a IA Generativa de forma desenfreada, o que nos leva a essa discussão grande e séria que precisamos ter. Imagine que eu tenho um chip que esquenta bastante, então eu preciso gastar mais energia para refrigerá-lo. Na prática, estou gastando energia para combater algo que já gasta muita energia, o que não faz muito sentido.
Algumas tecnologias que temos visto funcionando muito bem são o uso de água e o reaproveitamento dela para fazer a refrigeração desses data centers, que são, inclusive, o que vêm dando um bom suporte para os lucros da Nvidia . Pensando em soluções, uma delas pode ser otimizar o uso de energia, ou seja, não desperdiçar para que não precisemos buscar uma solução de resfriamento. Mas, mesmo assim, precisaremos compensar esse uso de alguma forma, e o Brasil talvez seja o grande pólo, o grande potencial para isso.
• Por: Marcel Nobre, pesquisador e palestrante (TEDx Speaker), além de empreendedor, fundador e CEO da BetaLab. É professor na HSM/Singularity, StartSe e FIA Business School. Também atua como mentor de startups pela Ace Startups, tendo apoiado mais de 50 projetos em diversos segmentos nos últimos anos. Possui MBA pela FIA/USP, e diversas especializações em Inteligência Artificial, Letramento em Futuros, Metaverso, Neurociência e Mentoring. | https://marcelnobre.com