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05/07/2025

BRICS podem liderar reindustrialização verde com cooperação Sul-Sul

Relatório aponta caminhos para transformar setores estratégicos e promover uma nova fase de industrialização de baixo carbono entre os países do bloco.

Um novo estudo produzido pela rede de pesquisadores Zero Carbon Analytics, encomendado pelo Instituto ClimaInfo, mostra que os países fundadores do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) podem ganhar ao investir em conjunto na industrialização verde, ampliando sua autonomia tecnológica e reduzindo a dependência de outras cadeias de suprimento. Contudo, apesar do potencial, o tema ainda não é uma prioridade do grupo nem da sua presidência brasileira, em 2025.

De acordo com o documento “Potencial da Indústria Verde nos BRICS”, a maior parte dos esforços do BRICS se voltam para a industrialização e a transição energética, mas pouco para o resultado da união de ambos os assuntos. Para a pesquisadora brasileira Renata Albuquerque Ribeiro, autora do estudo, é essencial que o tema ganhe protagonismo nas próximas cúpulas: —A reunião dos BRICS é uma ótima oportunidade para estruturar a transição energética como um eixo central para a industrialização de baixo carbono e fortalecer a cooperação internacional em áreas como energias renováveis, eletrificação e setores industriais de difícil abatimento—.

Setores como minerais críticos, baterias, energia eólica, combustíveis sustentáveis para aviação (SAF) e veículos elétricos (VEs) são estratégicos para o bloco. Os países do BRICS detêm parte significativa das reservas globais de minerais essenciais como grafite, níquel e manganês. No setor de combustíveis sustentáveis para aviação, Brasil e India se destacam: enquanto a nação sul-americana lançou três projetos que, juntos, terão capacidade de produzir 1,1 bilhão de litros por ano a partir de 2027, e recebe investimento de US$ 1 bilhão da empresa chinesa Envision Energy para produzir SAF a partir da cana-de-açúcar, a Índia projeta uma produção de até 10 bilhões de toneladas por ano até 2040, com investimentos estimados entre US$ 70 e 85 bilhões.

A indústria de veículos elétricos também mostra dinamismo. A China respondeu por 70% da produção global em 2024, enquanto as importações brasileiras atingiram US$ 1,6 bilhão, um salto de 108% em relação ao ano anterior. As vendas no Brasil cresceram 89% no mesmo período. Para dar conta da demanda, a montadora chinesa BYD iniciou a instalação de uma fábrica na Bahia, prevista para operar até o final de 2026.

Um dos destaques do estudo é o papel estratégico do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) como catalisador da reindustrialização verde no BRICS. Criado em 2015, o banco já destinou US$ 5,2 bilhões a projetos de financiamento climático entre 2015 e 2021, cerca de 18% do total de suas aprovações no período. Dentre os projetos apoiados, estão empréstimos para o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima do Brasil, projetos de energia renovável na Índia e uma emissão de green bonds de US$ 1,25 bilhão em 2024.

Contudo, para o ciclo 2022–2026, o NDB planeja aplicar US$ 30 bilhões em infraestrutura e sustentabilidade, dos quais 40% devem ser direcionados a energias renováveis — uma queda em relação à meta anterior de 60%. O estudo sugere que o banco poderia exercer um papel ainda mais ambicioso no financiamento de tecnologias verdes e apoiar de forma mais decisiva a reindustrialização de baixo carbono dos países-membros.

O documento também analisa os impactos das tarifas comerciais impostas pelos EUA, especialmente após o retorno de Donald Trump à presidência. A tarifa de 50% sobre aço e alumínio pode custar ao Brasil até US$ 1,5 bilhão em exportações, além de reduzir a produção nacional. As sobretaxas sobre produtos chineses, como painéis solares e baterias, podem ultrapassar 82% até 2026, o que deve acelerar a reorientação comercial da China em direção aos parceiros do BRICS.

BRICS Brs 2025/ Rio de Janeiro — O Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro do Flamengo,Rio de Janeiro (RJ), será novamente palco de mais uma reunião de cunho internacional, nos dias 06 e 07 de julho (domingo e segunda-feira), onde acontece a reunião de Cúpula do BRICS, sob a presidência do Brasil.

Atualmente, o grupo conta com 11 países-membros e dez países-parceiros.: Países-membros: África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã e Rússia.

Países-parceiros: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.

A reunião de cúpula acontece no país-membro que ocupa a presidência rotativa — em 2025, é a vez do Brasil. Por isso, foi escolhido o Rio de Janeiro. Ao longo da presidência brasileira em 2025, foram realizadas mais de 200 reuniões online e presenciais. Em 2026, a cúpula será na Índia.

O presidente da China, Xi Jinping, anunciou que não comparecerá e será e representado pelo primeiro-ministro Li Qiang. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, também não estará presente, e participará da reunião por videoconferência. A comitiva russa terá a presença do ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov.

A Cúpula contará com a presença do presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e do primeiro-ministro da Índia, Narendra Damodardas Modi.

• Programação completa: https://brics.br/pt-br