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27/06/2025

Aberje Trends 2025 abre com provocação sobre a nova desordem mundial

E o papel da comunicação como força simbólica de reconstrução. Evento começa com reflexões sobre rupturas tecnológicas, climáticas e políticas, e reforça a posição da Aberje como agente estratégico na reorganização simbólica das empresas.

A abertura oficial do Aberje Trends 2025, conduzida pelo diretor executivo da Aberje, Hamilton dos Santos, provocou a audiência com uma pergunta que guiou todo o encontro: qual é o papel da comunicação em meio à nova desordem mundial?

Segundo Hamilton, o mundo vive um tempo de rupturas simultâneas e entrelaçadas, com impactos diretos sobre a governança das empresas e o cotidiano das organizações. —Estamos falando de quatro grandes vetores de crise: as transformações tecnológicas, as reconfigurações políticas, a emergência climática e as crises comportamentais resultantes dessas mudanças— afirmou.

—A nova desordem mundial é real, mas não precisa ser permanente. Comunicadores podem e devem ser os engenheiros simbólicos de uma nova ordem possível—.

Hamilton também destacou a ascensão da inteligência artificial como um divisor de águas na comunicação corporativa. Referindo-se ao conceito de “Cracolândia digital”, cunhado pelo economista Eduardo Gianetti, ele alertou para o crescimento da desinformação, das fake news e das bolhas cognitivas. Ao mesmo tempo, reforçou que a esperança está na ação crítica dos comunicadores diante desse cenário.

O diretor apresentou ainda dados atualizados sobre a Aberje, que se consolida como uma rede viva de profissionais e organizações. Atualmente, a entidade reúne 1.007 empresas associadas, organizadas em 54 setores, com uma comunidade ativa de mais de dez mil profissionais, dos quais 71% são mulheres.

Em 2024, o ecossistema da entidade movimentou R$ 31,8 bilhões, com projeção de R$ 32 bilhões para 2025. A pesquisa interna mais recente aponta que a demanda por dados e mensuração é o maior desafio atual da área, e que a comunicação interna é a disciplina que mais cresce. Já a habilidade mais exigida: adaptabilidade às tecnologias.

A fala seguiu com o diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA-USP, Paulo Nassar, que trouxe uma perspectiva humanista e cultural sobre a comunicação em tempos extremos.

—A desordem mundial é um território simbólico. E é justamente no simbólico que o comunicador opera. Hoje, ele é mais do que um gestor de canais. É um cientista de narrativas —afirmou Nassar, citando Max Weber e o conceito de “desencantamento do mundo” diante do excesso de racionalidade instrumental.

Encerrando a abertura, Malu Weber, presidente do conselho deliberativo da Aberje, reforçou a visão da entidade como uma rede viva, composta por mais de 30 mil conexões em diferentes estados e também fora do Brasil. Ela destacou o compromisso da associação com a transformação social: — A Aberje existe para provar que a comunicação é parte da solução. Nosso papel é fazer a ponte entre realidades complexas e a construção de sentido— finaliza.

A Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberj) é uma organização profissional e científica sem fins lucrativos e apartidária. Tem como principal objetivo fortalecer o papel da comunicação nas empresas e instituições, oferecer formação e desenvolvimento de carreira aos profissionais da área, além de produzir e disseminar conhecimentos em comunicação. Com mais de mil empresas associadas, está presente em diversas partes do Brasil a partir dos seus Capítulos Regionais, e também possui forte representação em instituições internacionais, posicionando-se como um think tank da Comunicação Empresarial Brasileira.