Em um cenário de aumentos constantes nas tarifas de energia elétrica, empresas de diversos portes têm buscado alternativas para reduzir custos operacionais sem comprometer a qualidade dos serviços. Diante disso, o Mercado Livre de Energia surge como uma solução eficiente e estratégica, permitindo mais controle sobre o consumo e acesso a condições comerciais mais vantajosas. No modelo, é possível negociar diretamente com geradoras ou distribuidoras, sem a obrigatoriedade de contratar a distribuidora local — como ocorre no Mercado Regulado. Além da economia, oferece liberdade para escolher o fornecedor e negociar prazos, preços e volumes, promovendo também a sustentabilidade ao garantir acesso a energia certificada de fontes renováveis.
Entre 2015 e 2022, a tarifa de energia elétrica no Mercado Regulado aumentou 70%, enquanto o IPCA — Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, que mede a inflação oficial do país — registrou uma alta de 58% no mesmo período. Em contraste, no Mercado Livre de Energia, a variação média foi de apenas 9%, segundo dados da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).
Além disso, neste formato, é possível contar com uma previsão orçamentária mais precisa, evitando a exposição às variações anuais das tarifas praticadas pelas distribuidoras locais — cujos preços e condições são regulados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Dessa forma, o empresário ganha mais controle sobre o consumo energético do negócio e, consequentemente, sobre os custos com eletricidade. Graças aos preços mais competitivos, a economia pode variar entre 20% e 40% na conta de luz.
Para migrar para o Mercado Livre de Energia, a empresa precisa estar conectada em média tensão, ser classificada como Grupo A. O primeiro passo é analisar a viabilidade técnica e econômica da migração. Em seguida, é necessário abrir um processo junto à distribuidora local, informando a intenção de não renovar o contrato vigente. Esse aviso deve ser feito com pelo menos 180 dias de antecedência ao término do contrato atual. Caso esse prazo não seja respeitado, poderá haver cobrança adicional por parte da distribuidora.
Depois disso, a empresa deve assinar um contrato bilateral de compra de energia no Mercado Livre e solicitar a instalação de um medidor especial, conforme o padrão exigido pela distribuidora.
A transição para o Mercado Livre de Energia é segura: o modelo já existe no Brasil há mais de 20 anos e não compromete a qualidade do fornecimento. Isso porque a distribuidora local continua responsável pela entrega da energia — assim como no Mercado Regulado. Ou seja, o risco de interrupção no fornecimento permanece o mesmo e não há necessidade de obras de infraestrutura na rede da concessionária. Pode ser necessário adequação das instalações (medições de energia) às normas vigentes da concessionária, contudo, os custos de migração são baixos ou até mesmo nulos. Quando existem, referem-se à adequação do sistema de medição.
No entanto, é importante estar atento: no Mercado Livre, a energia deve ser contratada com antecedência, antes do término do contrato vigente. E ao contrário do Mercado Regulado — onde o custo da energia e o da distribuição são cobrados em uma única fatura pela distribuidora local —, no Mercado Livre o consumidor paga duas faturas: uma para a distribuidora, pelo serviço de distribuição, e outra para o fornecedor de energia contratado. Ainda assim, a soma das duas faturas é inferior ao valor pago no modelo tradicional. Por isso, o recurso vem se destacando como um caminho eficiente: além de gerar economia, permite a escolha dos melhores serviços e ressalta a importância de firmar parcerias estratégicas que impulsionam o sucesso do negócio.
• Por: Jones Poffo, CEO da P3 Engenharia e especialista em Mercado Livre de Energia. P3 Engenharia Elétrica — Fundada em 2006 em Indaial (SC) e com atuação em todo o país, a P3 é especializada em administração e execução de obras, montagem de painéis elétricos, realização de laudos técnicos, projetos de eficiência energética e no ramo do mercado livre de energia. São mais de 4 mil obras atendidas em 19 estados brasileiros. A companhia conta com uma equipe de quase 200 profissionais diretos e indiretos que atuam de ponta a ponta nas obras industriais e projetos de eficiência energética, levando tranquilidade e confiança para os clientes. Mais de 7 mil painéis elétricos já foram entregues pela P3 e mais de 5 mil megawatts instalados.