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03/06/2025

ESG, tecnologia e compromisso guiam a COP30

Avançar nas negociações climáticas globais, monitorar o cumprimento do Acordo de Paris e definir novas metas para frear o aquecimento do planeta. Esse deve ser o fio condutor da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro de 2025, em Belém, no Pará. Pela primeira vez, a Amazônia será discutida dentro da própria Amazônia, o que confere à conferência um simbolismo potente e uma urgência ainda maior.

Esse evento histórico tem potencial para redefinir os rumos do combate à crise climática global. Entre os temas em destaque estão a redução das emissões de gases de efeito estufa, o financiamento climático, o desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono, as fontes de energia renovável e a justiça climática. Nesse contexto, o Brasil tem a oportunidade de assumir um papel de protagonismo nas negociações internacionais, não apenas como anfitrião, mas como líder em soluções ambientais.

Esse protagonismo também passa, inevitavelmente, pelo setor privado, que estará fortemente representado na COP30, e com altas expectativas. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), 89% das organizações que pretendem participar do evento acreditam que ele terá impacto significativo. Para 47% delas, o principal desejo é de que a conferência resulte em um compromisso mais firme de países e empresas com a agenda climática.

É por isso que se torna essencial destacar a relevância das práticas ESG (sigla para Ambiental, Social e Governança) no universo corporativo. A crescente valorização dessas ações reflete uma mudança de mentalidade. Mais do que atender a exigências regulatórias ou agradar investidores, adotar critérios de sustentabilidade, responsabilidade social e boa governança se tornou um diferencial competitivo. Hoje, os consumidores não avaliam apenas o produto final, mas todo o processo de produção, os valores da empresa e seu impacto no mundo. Essa tendência é confirmada pela pesquisa “Comunicação e Engajamento Empresarial na COP30”, que revela que 93% das organizações já tratam a sustentabilidade como prioridade estratégica.

Justamente nesse ponto, a COP30 poderá separar o discurso da prática. A conferência representa uma vitrine internacional capaz de expor quem realmente adota práticas sustentáveis e quem apenas recorre ao greenwashing, quando ações ambientais são divulgadas sem respaldo em iniciativas reais. A transparência será colocada à prova. À medida que os holofotes estiverem voltados para Belém, também estarão voltados para a coerência entre o que as empresas dizem e o que de fato fazem.

Nesse esforço por maior coerência e impacto, a tecnologia se apresenta como uma aliada estratégica. Levantamento da Amcham Brasil mostra que 60% dos líderes empresariais apostam na inteligência artificial como vetor de transformação em 2025. Já o estudo da PwC indica que a adoção da IA pode reduzir em até 4% as emissões globais de carbono. Se bem utilizada, essa ferramenta pode ser a ponte entre intenção e resultado, ajudando empresas a implementarem soluções mais inteligentes, mensuráveis e sustentáveis.

A COP30 surge, portanto, como mais do que um evento. É uma oportunidade concreta de alinhar compromissos, revisar condutas e acelerar ações. Para o Brasil, é a chance de reafirmar seu papel de liderança ambiental no cenário global. Para as empresas, é o momento de demonstrar que sustentabilidade não é apenas uma promessa no papel, mas uma estratégia viva, integrada e capaz de gerar valor real para o planeta e para os negócios.

Por: Emanuel Pessoa, advogado especializado em Direito Empresarial, Mestre em Direito pela Harvard Law School, Doutor em Direito Econômico pela USP e Professor da China Foreign Affairs University, onde treina a próxima geração de diplomatas chineses.