Hoje vou falar um pouco para a cadeia de moda brasileira. Gostaria de despertar a atenção de centenas de empreendedores brasileiros que se dedicam ao setor da moda, mas seu olhar se restringe aos limites das fronteiras brasileiras. Empreendedores que sonham, mas não sabem que podem voar mais alto, beeeemmm mais alto.
Dizem que o povo brasileiro tem síndrome de viralatas, pois muitas pessoas acreditam que o que é feito no exterior, é muito melhor do que é feito aqui no Brasil. Pois bem, hoje vamos tentar mostrar que esse conceito está ultrapassado e limitando a muitos empreendedores a crescerem, mas por outro lado, levando a aqueles mais arrojados a sonharem com um voo bem mais alto.
Números falam melhor que mil palavras. Então, quero contar pra vocês alguns fatos relevantes. O setor têxtil e de confecção brasileiro tem grande destaque no cenário mundial, não apenas por seu profissionalismo, mas também pelas dimensões de seu parque têxtil. É a sexta maior indústria do mundo, o segundo maior produtor de denim e o terceiro em malhas.
O país é um dos poucos que contam com uma cadeia têxtil e de confecção totalmente integrada, que corresponde a 5,7% do PIB da indústria de transformação e emprega 1,6 milhão de pessoas. Somos autossuficientes na produção de algodão e produzimos no Brasil 9,8 bilhões de pecas por ano, sendo referência mundial em beachwear, jeanswear, além de cama mesa e banho, conforme dados divulgados pela APEX Brasil, agência de exportações brasileira. Uma informação interessante, é que um dos mercados que mais tem se interessado pela moda brasileira é o mercado árabe. De acordo com a ANBA
– Agência de notícia Brasil Árabe, hoje já e possível se deparar cada vez mais com etiquetas “Made In Brazil” em boutiques e lojas de roupas do mundo árabe. Nossas estilistas vêm descobrindo o interesse exponencial dos consumidores do mundo árabe e, cada vez mais, nossas exportações do setor vem mirando este novo mercado de grandes admiradores da moda brasileira. Uma lista de marcas, conhecidas ou não, vem fazendo vendas cada vez mais significativas para o mercado árabe.
Acredita-se que tamanho interesse se dá devido a qualidade das matérias primas, estilo, pela agregação de valor pelo trabalho artesanal, estampas e cores, que remete ao estilo de vida do Brasil. Isso ressalta a mística brasileira e uma magia natural que o produto brasileiro tem como vantagem competitiva, superando marcas europeias, asiáticas e outras.
Nossos estilistas observaram o modo árabe de se vestir e implementaram o charme e a criatividade, adaptando a moda praia e os vestidos longos que podem ser usados sozinhos ou sobre outras peças. Egito, Argélia, Emirados Árabes, Marrocos, Arábia Saudita são os que mais compram segundo a ABIT (Associação Brasileira de Industria Têxtil e de Confecção).
“Sustentabilidade refere-se ao princípio da busca pelo equilíbrio entre a disponibilidade dos recursos naturais e a exploração deles por parte da sociedade. Ou seja, visa a equilibrar a preservação do meio ambiente e o que ele pode oferecer em consonância com a qualidade de vida da população.”
Para vender no exterior, é preciso querer sair da caixinha, da mesmice. Existe uma rede de apoio para apoiar cada empreendedor a superar cada etapa ate que seus produtos estejam seguindo um fluxo constante de vendas para o mercado externo. Como já dissemos anteriormente, exportar e um processo e cada empreendedor poderá se capacitar, para num médio prazo, estejam destinando caixas, pallets ou mesmo containers completos de produtos ao exterior.
Quero destacar o crescimento do segmento de moda sustentável. O Brasil tem se destacado por usar a sua criatividade fortalecendo o segmento de moda usando como matérias primas materiais reciclados, tais como pet, lonas de caminhão, paraquedas descartados. Podemos dizer que é o segmento que se preocupa em pensar soluções mais responsáveis social e ambientalmente para todo ciclo de vida de uma roupa.
Esse segmento se preocupa para onde vai o resíduo têxtil e que danos a natureza poderão causar. O impacto ambiental tem sido um fator importante na confecção de roupas, acessórios e calcados. Também que os produtos sejam duráveis e atemporais. Tudo isso, considerando a qualidade das práticas trabaIhistas justas para os trabalhadores deste segmento.
Vários fatores pontuam ainda esse segmento na abordagem sustentável, mas o que é importante que se diga, é que quanto mais preocupada com essa pegada, maior será o valor deste bem produzido com destino ao exterior. O comprador estrangeiro, hoje, está valorizando muito mais o produto feito sob a ótica sustentável. Isso tem valor agregado. Este conceito deve se enraizar no modo de pensar dos empreendedores que buscam vender para mercados modernos e atuais.
Moda ecológica ou “eco-friendly” minimizam o impacto ambiental na produção e consumo de roupas e acessórios. Podemos ainda citar a Moda Vegana (que não derivam de animais), “Slow Fashion” (moda rápida, com produção de baixo custo) são alguns modelos que tem apelo muito positivo nos dias de hoje.
Recentemente, no G20 o Ministro de minas e energia fez uma colocação muito positiva, que serve para balizar o pensamento do empreendedor que deseja exportar de forma sustentável: “O Brasil aproveita suas potencialidades. Queremos exportar sustentabilidade com bens manufaturados, para que o emprego fique no País, combatendo desigualdades com respeito às leis ambientais. Além de contribuir para que o mundo não vá ao encontro do colapso ambiental”
Espero que este artigo possa trazer interesse aos empreendedores do setor da moda a querer conhecer com mais detalhes a forma de pensar do consumidor internacional, implementando conceitos de exportação, observação e estudo, sustentabilidade e sucesso globalizado.
O que falta pra você?
• Por: Otávio Gomes Rodrigues, sócio-diretor da Logimex Comércio Exterior; diretor na Federação Nacional dos Despachantes Aduaneiros (Feaduaneiros); diretor no Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis, Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estado do Rio de Janeiro (Sescon/RJ) e vice-presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindaerj) | Revista MALLS