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22/05/2025

Indústria calçadista ultrapassa patamares produtivos da pré-pandemia, diz Abicalçados

Com crescimento de 4,3% na sua produção em 2024, a indústria calçadista brasileira ultrapassou os números registrados na pré-pandemia, em 2019, alcançando mais de 929 milhões de pares produzidos. O dado foi apresentado na coletiva de imprensa realizada no dia 20 de maio (terça-feira), na BFShow, feira calçadista que acontece no Distrito Anhembi, em São Paulo/SP, entre os dias 19 e 21 de maio (segunda a quarta-feira).

Na oportunidade, em que também foi lançado o Relatório Indústria de Calçados – Brasil 2025, publicado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), o presidente-executivo da entidade calçadista, Haroldo Ferreira, destacou as projeções para o ano. Segundo ele, em 2025, a indústria deve crescer entre 1,4% e 2,2%, chegando ao maior volume de calçados produzidos em 11 anos (entre 942,5 milhões e 949,9 milhões de pares produzidos). —A BFShow vem mostrando que chegaremos a esses números, que devem ser impulsionados, principalmente, pelas exportações, que devem crescer entre 2,1% e 5,2% ao longo do ano—projetou. Já o consumo interno, que foi o motor do crescimento no ano passado, quando cresceu 8,4%, deve crescer menos. Ferreira frisou que, no primeiro trimestre de 2025, o crescimento da produção ficou em torno de 1%, ainda abaixo da banda projetada. —Porém, nos próximos meses devemos registrar um incremento mais significativo —disse.

Estados Unidos —O executivo da Abicalçados destacou que as projeções mais otimistas levam em consideração reflexos da guerra tributária entre Estados Unidos e China, que tem feito com que compradores norte-americanos busquem mais o mercado brasileiro. —Embora tudo possa mudar, bastando um canetaço de Trump, existe uma instabilidade no mercado e os compradores dos Estados Unidos vêm buscando fornecedores alternativos aos chineses— explicou, ressaltando a presença de muitos compradores norte-americanos na Bfshow.

Importações —Mas nem todas as notícias são positivas”. Dessa forma Ferreira introduziu um tema que tem preocupado a indústria calçadista nacional: as importações. Segundo ele, com a guerra comercial em curso, os exportadores chineses vêm buscando “desovar” sua produção em mercados que não o norte-americano, inundando não somente mercados cativos para o calçado brasileiro no exterior, mas o próprio mercado interno. —No primeiro quadrimestre, as importações alcançaram 16,5 milhões de pares, 28% mais do que no mesmo período do ano passado. Desses, a maior parte são provenientes da China, Vietnã e Indonésia —comentou.

Para conter o problema da invasão de calçados asiáticos, o dirigente da Abicalçados frisou que a entidade vem trabalhando com o Governo Federal para o aperfeiçoamento de mecanismos de defesa comercial, como as cotas de importação. Conforme levantamento da Inteligência de Mercado da Abicalçados, a cada um milhão de pares importados são perdidas, ou deixadas de serem criadas, 2,2 mil vagas na indústria calçadista brasileira. —É um problema muito sério e que vem sendo trabalho no âmbito federal —concluiu.

Números da feira —O CEO da NürnbergMesse Brasil, João Paulo Picolo, destacou o crescimento da BFShow, que na sua quarta edição já é a maior feira calçadista da América Latina. —Nesta edição, tivemos um crescimento de 30%, com um espaço total de 32 mil metros quadrados e mais de 350 marcas brasileiras. Já o pré-credenciamento de visitantes, entre lojistas e importadores, foi 60% maior do que na edição anterior, o que nos permite ter uma projeção bastante positiva com relação à visitação —explicou.

Competitividade —Representando a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), parceira na realização do Projeto Comprador da feira, por meio do Brazilian Footwear, a gerente de Indústria e Serviço da agência federal, Maria Paula Velloso, destacou a importância da feira para o fomento das exportações de calçados. —A Abicalçados é uma das principais parceiras da ApexBrasil para alavancar as exportações brasileiras —disse. Segundo ela, a indústria calçadista brasileira, como a principal produtora do Ocidente, tem muito espaço para crescimento no mercado internacional.

Movimento Próximos Passos RS —Lançado na feira do ano passado, o Movimento Próximos Passos RS, que ajudou mais de três mil pessoas atingidas diretamente pelas enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul em maio de 2024, teve seus resultados apresentados. Ao todo, o Movimento, realizado pela Abicalçados em parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e empresários do setor, arrecadou mais de R$ 6,4 milhões em doações. O benefício foi distribuído, diretamente, para 3,17 mil pessoas em 33 cidades nos vales do Sinos, do Taquari e do Paranhana.

Relatório — O Relatório Indústria de Calçados – Brasil 2025, lançado no evento com dados detalhados da indústria calçadista nacional e projeções no endereço: https://shre.ink/eLqd

Também participaram da coletiva de imprensa o CEO do Bischoff Group, Jorge Bischoff; a diretora da Strike, Beth Brito; a diretora-executiva do Grupo Sugar Shoes, Rodaika Diel; o presidente da Klin, Carlos Mestriner; e o diretor comercial da Di Valentini, José Filho.