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21/05/2025

Indústria de sorvetes adota o consumo de energia solar e busca sustentabilidade

Setor que depende da cadeia do frio encontra na fonte renovável uma forma de reduzir custos e o impacto ambiental; Ceará se destaca pelo potencial solar e empresas pioneiras.

A busca por sustentabilidade e a necessidade de reduzir custos operacionais têm impulsionado um movimento crescente na indústria de sorvetes: a adoção da energia solar. Um setor que demanda alta energia para manter a cadeia do frio, essencial na conservação de seus produtos, encontra na fonte renovável uma alternativa eficiente e ecologicamente correta. O Ceará, com sua privilegiada incidência solar, emerge como um pólo promissor para essa transformação.

—A energia solar é a mais acessível. O preço baixou e muitas empresas conseguem ter acesso agora. Desde as microempresas até as maiores, é muito fácil o financiamento hoje, daí também a adesão— afirma Kerley Torres, diretora da Associação Brasileira do Sorvete e outros Gelados Comestíveis (Abrasorvete).

Esse cenário de maior acessibilidade tem permitido que empresas de todos os portes invistam em sistemas fotovoltaicos, desde a instalação de painéis em telhados até a participação em usinas solares compartilhadas, por meio do Mercado Livre de Energia. A facilidade de financiamento, com linhas de crédito e opções de parcelamento, também contribui para a popularização da energia solar no setor.

O Ceará se destaca nesse contexto por seu abundante recurso solar. Com apenas três meses de chuva e o restante do ano ensolarado, o estado oferece condições ideais para a geração de energia fotovoltaica. —Tanto a gente produz, quanto a gente vende a energia solar —ressalta Kerley.

Players ganham em economia e impacto positivo ao ambiente — Importantes indústrias do setor localizadas na região, como Frost, Pardal e FrütBiss já utilizam a modalidade de abastecimento a fim de otimizar processos e reduzir os custos com energia elétrica, parcela significativa das despesas na produção e armazenamento de sorvetes.

Segundo Edgard Segantini Junior, da Frosty, empresa cearense com 35 anos de história, a energia eólica não é somente uma fonte de economia, mas uma forma de assumir responsabilidade ambiental. —Há mais de cinco anos utilizamos energia limpa em nossa matriz no Ceará e, hoje, esse modelo já foi expandido para nossas filiais e todas as lojas próprias distribuídas nos seis estados do Nordeste— afirma.

A adoção da energia solar também agrega valor à imagem das empresas, que se posicionam na preocupação com a sustentabilidade e o meio ambiente. Esse é o caso da Frosty, que trabalha com outras frentes ambientais, como a parceria com o selo Eu Reciclo, e de outras associadas da Abrasorvete, como a Pardal Sorvetes, empresa localizada no município de Eusébio, no Ceará.

Segundo Flávio Pardal, diretor da empresa, a Pardal investiu mais de 4,5 milhões em energia solar. Cerca de 3.202 módulos voltaicos foram instalados, garantindo 1.119,13 kWp de potência. O investimento inicial para transformar a estrutura da fábrica foi de mais de R$4,5 milhões, projeto que começou a funcionar em novembro de 2019 e que resultou na redução de custos de até 75%. Até então esse é o maior projeto em energia solar do Brasil no segmento de sorvetes e picolés.

—Tal economia possibilitou a Pardal investir ainda mais em tecnologia, maquinários, contratação de funcionários e expansão para novos mercados —explicou o diretor-geral da Pardal, Flávio Oliveira. Além da economia, a redução de CO² alcança o número de 120 toneladas por ano, evitando a emissão de gases poluentes, número equivalente a plantar 5.730 árvores por ano ou utilizar 52 veículos automóveis a menos.

Outra empresa do setor sorveteiro, a FrütBiss, com 33 anos de história e oriunda da cidade de Maracanau, a cerca de 250 km de Fortaleza, também usa a energia solar, mas via Mercado Livre de Energia. A adoção mostra que, ainda que haja desafios a serem superados, como o investimento inicial em sistemas fotovoltaicos, o fato de não haver incentivos fiscais para quem instala as placas solares — o que pode impactar o retorno do investimento — e a necessidade de adaptação das empresas, existe a cada dia a maior possibilidade de eleição dessa energia, ajudando nos custos da empresa e no impacto para o planeta.