Tem coisas na vida que devemos considerar um “Trem na história”. O “Oscar” ganho pelo filme “Ainda estou aqui” de Walter Salles pode ser considerada uma bela oportunidade para empresas que atuam em diversos setores de produção audiovisual, produções publicitarias e outros segmentos criativos na área de cultura. Uma janela se abre para que o mundo venha a descobrir a versatilidade e capacidade do criador de conteúdos brasileiro, do cinema, do teatro, dos escritores e muitos outros personagens que movimentam O circuito cultural nacional.
Importante que empresas que atuam apenas nacionalmente, percebam estas oportunidades e saibam como se arriscar a divulgar suas obras no exterior. Isto vale para muitos que nunca imaginaram levar a sua arte para serem expostas em outros mercados. A questão da língua é mero detalhe, pois cada vez mais, pessoas estão se interessando em aprender a falar o português, por ter
conhecido alguma coisinha deste fascinante gigante chamado Brasil, com uma variedade infinita de culturas regionais, artistas, artesões, criadores de conteúdos em diversas áreas e modalidades.
Quem atua na cultura, gerando conteúdos, filmes de curta ou longa metragem, peças teatrais, escrevendo livros, obras audiovisuais precisam saber que existe um projeto da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e investimentos (ApexBrasil) juntamente com a Associação Brasileira de Produção de Obras Audiovisuais (Apro), que visa fazer um “Roadshow” no exterior. Esse tour internacional levará aos Estados Unidos, ainda no mês de março, dez empresas para realizar rodadas de negócio com agências e clientes. Juntas, “AреxBrasil” e “Apro” também reforçam a exportação do audiovisual nacional em festivais globais como D&AD e Cannes Lions, e trabalham no programa Brasil 360, cujo objetivo é integrar produtoras de diversas regiões do país no mercado internacional. Tudo isso, reforçado com um aporte de R$ 10,6 milhões no projeto chamado “FilmBrazil”.
Um estudo feito pela “Motion Pictures Association”, em parceria com a “Oxford Economics”, mostra o tamanho do audiovisual brasileiro e qual o peso dele em diferentes serviços. O material publicado em no segundo semestre de 2022, mostra um cenário pré-pandemia, mas mesmo assim, revela números relevantes. Segundo o relatório, o impacto direto do audiovisual na economia brasileira é de R$ 24,5 bilhões. Somando-se ainda o impacto indireto e induzido, a conta do impacto no PIB sobe para R$ 56 bilhões. Em relação a tributos, a geração direta é de R$ 3,4 bilhões, mas somando-se os tributos indiretos e induzidos, o total é de R$ 7,7 bilhões ao ano. Em termos de empregos gerados, os números são igualmente superlativos: 657 mil empregos diretos, indiretos e induzidos, ou 126,6 mil contando-se apenas a geração direta.
No que se refere a exportações, o estudo revela que o volume total exportado de serviços audiovisuais foi de R$ 1,1 bilhão em 2019, e R$ 1,2 bilhão em 2020. O melhor ano, nesse quesito, foi o de 2016, com uma exportação total de serviços audiovisuais de R$ 2,02 bilhões. Esses dados foram publicados pelo site Teletime.com.br em 2023.
É Importante citar que não apenas as produtoras audiovisuais ganham com a vitória brasileira no “Oscar”. De maneira prática, com tudo isso acima descrito, venho ressaltar o tamanho dos segmentos que atuam com cultura e como eles podem crescer quando pensam em apresentar seus produtos em mercados internacionais. Além de expandirem seus segmentos para um universo infindável de parceiros globais, capacitam cada vez mais seus negócios, o que representa muitas vezes o retorno em investimentos externos de “players” internacionais, que enxergam o mercado brasileiro como um bom parceiro para investimentos е lucros conjuntos.
Chamo ainda a atenção para exposições internacionais e mostras culturais de todos os tipos, que são expostas por todo os anos nos CCBB’s, espaços culturais da Caixa, e outros espaços de diversas entidades culturais de todo o Brasil. Curadores trazem para aqui expor todo tipo de cultura de artistas consagrados pelo mundo. Outros levam suas mostras já consagradas ao exterior, mas este número ainda pode crescer bastante. Temos uma diversidade de cultura.
Nesse momento que escrevo este artigo, estamos em pleno Carnaval. Já pensaram que este evento brasileiro poderia passear o ano todo pelo mundo e podendo crescer ainda mais? Já pararam para pensar que toda e qualquer escola, bloco ou agremiação poderia criar seu próprio espetáculo carnavalesco e levá-lo para ser exposto pelo mundo, buscando investimentos para suportar seus desfiles?!
Não precisa ser a Mangueira, o Salgueiro, a Portela ou qualquer outra gigante. Basta ter criatividade, ter um bom produto, bem dirigido, e por o pé na estrada para mostrar um espetáculo que pode ter a sua cara, a sua assinatura, a sua criatividade. O seu próprio show. O mercado internacional está de portas abertas. Portas e janelas abertas, uma vez que, o cliente internacional está muito ligado também aos apelos “extras” que estas atividades trazem em seu bojo: Inclusão, culto ao meio ambiente, e aos selos “Amazônia”, “Rio de Janeiro”, “Brasil”. Essa e a nossa vantagem competitiva.
Entendo que o Carnaval Brasileiro engloba cultura, música, história, fantasias, mística, teatro, e um tempero de “ziriguidum”, que encanta a qualquer ser no planeta. Tudo isso bem orquestrado, pode transformar esses componentes num só produto,
que certamente terá muita gente querendo ter esse espetáculo no seu país, o ano todo. Então, fica aí uma dica para quem possa levar essa arte ao resto do mundo, que anda tão carente de alegria e bons espetáculos. Corra, o mundo te espera!
Tenho a certeza de que essa vitória do cinema brasileiro, em pleno Carnaval, vai ajudar a empreendedores a identificarem oportunidades, e que nelas possam sonhar com um projeto de exportação levando suas atividades a diversos países que estão ávidos por conhecer nossa cultura. Sonhar não custa nada!!! Ah, mas se você precisar de ajuda, estamos aqui para lhes apontar os caminhos.
• Por: Otávio Gomes Rodrigues, sócio-diretor da Logimex Comércio Exterior; diretor na Federação Nacional dos Despachantes Aduaneiros (Feaduaneiros); diretor no Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis, Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estado do Rio de Janeiro (Sescon/RJ) e vice-presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindaerj) | Revista MALLS