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09/05/2025

Vale tem lucro em queda, mas fundamentos sólidos e atratividade para o longo prazo

Os resultados da Vale S.A. no primeiro trimestre de 2025 (1T25) trouxeram sinais claros dos desafios enfrentados pela companhia, mas também reforçaram sua resiliência operacional e seu papel estratégico no mercado global de commodities.

A Vale apresentou um lucro líquido de R$ 1,39 bilhão, queda de 17% em relação ao mesmo período do ano passado. A receita acompanhou o movimento, com recuo de 4% ano contra ano, enquanto o Ebitda ajustado totalizou pouco mais de R$ 3 bilhões, representando uma retração de 9%. Mas o que explicam esses resultados?

Dois fatores principais explicam esse desempenho mais fraco.

O primeiro fator foi a desvalorização do minério de ferro. A cotação caiu cerca de 10% no trimestre, puxada pela menor demanda chinesa. A China, principal destino das exportações da Vale, ainda lida com um setor imobiliário fragilizado e sinais frágeis de recuperação econômica.

O segundo ponto é o impacto de fatores climáticos. A empresa relatou que chuvas intensas no norte do Brasil afetaram sua produção em algumas frentes operacionais .

Além disso, no cenário macroeconômico, as altas taxas de juros globais continuam pressionando o setor de commodities, ao desacelerar a atividade econômica mundial. No entanto, a desvalorização do real frente ao dólar ajudou a suavizar parte dos impactos negativos, já que a empresa tem receitas dolarizadas e boa parte dos custos em moeda local.

Comparando com o 1T24, quando o lucro líquido superou os R$ 1,67 bilhão, fica evidente a perda de tração operacional — ainda que não surpreendente. A queda do minério de ferro também afetou outras mineradoras globais, mostrando que o cenário é setorial, não apenas específico da Vale.

Essa pressão se refletiu no mercado de capitais. A Vale, que no fim de abril tinha valor de mercado de cerca de R$ 225,9 bilhões, chegou a ser ultrapassada pela WEG neste ano, que alcançou R$ 223,4 bilhões – tornando-se a terceira maior empresa da Bolsa brasileira.

Apesar do trimestre mais fraco, a Vale segue sendo uma geradora consistente de caixa, distribuidora de dividendos e com estratégia clara de diversificação. Para o investidor de longo prazo, a tese segue válida: fundamentos sólidos, atuação global e posição dominante no setor. Vale se atentar aos próximos trimestres, mas a mineradora continua sendo uma referência no mercado brasileiro e internacional.

Por: Lucas Sharau, especialista em Mercados Financeiros certificado CFP, Escola de Negócios Saint Paul e ANCORD. Além é sócio da iHUB Investimentos, assessoria credenciada pela XP investimentos. Possui mais de 5,5 mil clientes, somando mais de R$1,8 bilhão em valores investidos sob custódia.