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06/05/2025

Trump, no melhor estilo Odete Roitman

As tensões comerciais entre China e EUA sempre foram um dos principais motores de volatilidade nos mercados globais. Desde 2018, as duas maiores potências econômicas do mundo vêm travando batalhas tarifárias que impactaram de forma significativa o comércio internacional e a confiança dos investidores. O chamado “tarifaço” implementado durante o governo Trump elevou impostos sobre centenas de bilhões de dólares em bens chineses, e Pequim reagiu de forma semelhante, escalando o conflito.

O resultado imediato desse embate foi o aumento dos preços para consumidores e empresas, além do desaquecimento do comércio mundial. Embora o cenário tenha se agravado nos primeiros meses do ano, recentemente observamos sinais concretos de arrefecimento. Trump, ao comentar sobre o novo tom diplomático, afirmou: “A China precisa de nós tanto quanto precisamos deles. Negociar é necessário”.

O governo chinês, por sua vez, reconhece publicamente a necessidade de prevenir um abalo estrutural entre as duas economias. O presidente Xi Jinping declarou neste mês: “Cooperação é sempre melhor do que confronto. Ganhos mútuos devem guiar nossa relação com os EUA”. O mercado interpretou o gesto de trégua com alívio, refletindo em recuperação de índices acionários e melhora no sentimento de risco.

No comparativo das tarifas aplicadas, dados mais recentes mostram que a média das tarifas sobre produtos chineses caiu de 19,3%, em 2020, para cerca de 14,6%, ao passo que as tarifas chinesas sobre bens norte-americanos foram reduzidas de 20,7% para 16%. Essa flexibilização ajuda principalmente empresas do setor tecnológico e automotivo, setores bastante impactados pelas restrições dos últimos anos.

A trégua na guerra comercial se deve, em parte, ao desaceleramento do crescimento global e à pressão inflacionária sentida em ambos os países. Com custos altos e cadeias de suprimentos pressionadas, recuar nas barreiras protecionistas se tornou estratégico. Esse movimento resulta em maior entrada de capitais estrangeiros e contribui para o fortalecimento dos mercados de renda variável, como S&P 500 e o índice de Xangai, que já apontam recuperação após os anúncios de trégua.

O alívio nas tensões não beneficia apenas as ações. As criptomoedas, especialmente o Bitcoin, também reagem positivamente. O BTC costuma ser visto como um “porto seguro” em momentos de incerteza geopolítica, mas sua funcionalidade também ganha destaque com mais liberdade de circulação de capitais. A busca por diversificação leva tanto investidores institucionais americanos quanto asiáticos a ampliar o porte em criptoativos.

Durante o auge da guerra comercial, o Bitcoin registrou fortes valorizações, atingindo recordes históricos em meio ao temor de novas rodadas de tarifas e controles de capitais. Agora, com sinais de acomodação, observa-se, por outro lado, um crescimento sustentado e menos volátil, típico de ativos que começam a se consolidar como parte permanente das carteiras globais.

EUA e China são, juntos, os maiores mercados consumidores e, ao suavizarem o embate, facilitam transações internacionais e novas integrações entre bolsas e exchanges. Isso acelera inovações e amplia caminhos para o uso regulado de criptos. Empresas multinacionais também retomam planos de transferência e custódia em Bitcoin, aproveitando a maior previsibilidade do ambiente externo.

No contexto atual, outro fator relevante é o ciclo de redução de juros em ambas as economias, impulsionando o apetite ao risco e estimulando alocação em ativos alternativos como o Bitcoin. A moeda digital serve, neste cenário, como hedge tanto contra eventual volta das tensões quanto contra políticas inflacionárias expansionistas.

É fundamental ressaltar que a normalização das relações comerciais entre China e EUA não elimina completamente os riscos, mas distribui melhor o foco dos investidores e reduz impactos de choques localizados. Para o Bitcoin, o maior ganho está no ambiente menos imprevisível, o que se traduz numa imagem de reserva de valor moderna e globalizada.

Por ora, EUA x China selaram uma trégua não combinada, dando fôlego às turbulências econômicas mundiais. E Trump, no melhor estilo Odete Roitman, pode estar buscando uma programação menos dramática – menos novela mexicana. Qualquer oscilação econômica pode ser mera coincidência.

Por: Rodrigo Miranda, treinador comportamental e especialista em mindset financeiro, em trading de criptomoedas e criador da Universidade do Bitcoin, a UniBtc, com mais de 15 mil alunos. Formado em Administração de Empresas com pós-graduação em Pedagogia Empresarial, atingiu a liberdade financeira através do mercado cripto há anos, ensina e faz análises diariamente em lives no YouTube.